A maioria das cadeirinhas infantis para carros apresenta alguma falha na proteção dos pequenos usuários. É o que conclui o teste anual realizado em dezembro pelo Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e Caribe (Latin NCAP) nos chamados Sistemas de Retenção Infantil (SRI). O experimentos tem também a chancela da Proteste, associação nacional de consumidores).
Para a realização do teste, foi colocado um boneco, simulando altura e peso de crianças de acordo com cada grupo de cadeiras, em um veículo Golf, sobre um trilho. Em seguida, o carro foi submetido a colisões, simulando acidentes reais.
Os piores resultados
As cadeiras entre 9 e 36 quilos (categoria multigrupos) obtiveram o pior resultado. De forma geral, elas sobrecarregam bastante o pescoço dos bonecos e, ainda, os deslocam para frente durante colisões, aumentando o risco de eles baterem no banco da frente.
A performance dos produtos foi desastrosa e extremamente preocupante no teste de impacto frontal, a 64 km/h, demonstrando que numa situação real que apresentasse as mesmas condições a cadeira não protegeria a criança de lesões graves na região da cabeça, pescoço, face e coluna
O modelo da marca Kiddo Max Plus teve o cinto de segurança rompido na configuração bebê-conforto, e a parte do colo do cinto afundou no abdômen do boneco preso ao cinto de segurança do carro, voltado para o banco do motorista. Conhecido como efeito submarino, este fenômeno é capaz de causar ferimentos potencialmente graves.
Já o modelo Maxi Cosi Milofix obteve um bom resultado, apesar de provocar esforços ao pescoço do passageiro mirim durante o choque. Este, aliás, possui uma aprovação semi-universal e se adapta aos diversos tipos de fixação e ancoragem. Desta forma, ele só pode ser usado em carros citados na lista de veículos que vêm com o produto.
Colisão frontal
Ainda no que se refere à colisão frontal, a feliz constatação é de que as cadeirinhas até 13 quilos alcançaram bons resultados. Isso mostra que artigos voltados para grupos específicos tendem a oferecer mais proteção do que as cadeirinhas evolutivas, que poderiam ser utilizadas de recém-nascido aos 36 quilos.
Outra falha é a falta de segurança no impacto lateral, devido às asas laterais não serem suficientemente dimensionadas para preservar a região da cabeça da criança. Nenhum modelo foi considerado completamente seguro, embora não existe ainda uma regulamentação para este tipo de condição.
Os melhores
Dos bebê-conforto, o modelo Chicco Key Fit, recebeu o título de Melhor do Teste, por apresentar melhores resultados quanto à segurança e facilidade de instalação.
Os modelos Burigotto Touring Evolution 3042 e Lenox Cozycot receberam o título Escolha Certa (melhor custo-benefício). Já entre as cadeirinhas multigrupo, a Maxi Cosi Milofix foi a Melhor do Teste e a Cosco Auto Envolve foi a Escolha Certa).
Na primeira categoria, dá para poupar R$ 733, em uma comparação entre preços mínimos, optando pela Burigotto sobre a Chicco. Na multigrupos, a economia chega a R$ 1.231, ao escolher a Cosco em vez de a Maxi Cosi.
Autoridades já sabem
A Proteste informa que já comunicou os resultados ao Inmetro e à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e pediu medidas para o modelo cujo cinto rompeu e apresentou o problema potencialmente grave do efeito submarino.
A associação solicitou uma revisão da norma que regulamenta este tipo de produto para passar a exigir o teste de impacto lateral na obtenção da certificação necessária à sua comercialização. E também pediu esclarecimentos ao Maxi Cosi, cujas cadeiras Milofix citam mais carros europeus aptos a utilizá-las.
O que diz um dos fabricantes
Em relação ao conteúdo da matéria “Pouca Proteção” a Kiddo Indústria e Comércio Ltda. enviou o seguinte posicionamento:
“A propósito de notícias acerca do tema, veiculadas em alguns meios de comunicação, no que se refere a dois de nossos produtos (DRC – dispositivo de retenção de crianças), Lenox Cozycot (bebê conforto), mencionado como o melhor de todos os submetidos ao tal teste e, a Kiddo Max Plus (poltrona 0+, I e II – DRC), recebemos as observações como contribuições à nossa empresa e um estímulo na busca de melhorias constantes para a proteção das crianças.Nossos produtos estão testados e aprovados pelo sistema estabelecido pelo Inmetro, com base na norma brasileira NBR 14.400, por laboratório acreditado, e estão no mercado há mais de 7 anos. Não temos em nosso SAC, registro de consumidores com queixas relativas à não conformidades de segurança dos mesmos. Alguns dos testes citados não integram as normativas brasileiras, o que pode induzir a conclusões impróprias, mas as tomaremos como melhorias a serem introduzidas na norma acima.Como integrantes da Comissão do CB 05 – ABNT, sob gestão do Sindipeças, que trata o tema DRC, defenderemos debates técnicos com base nas várias contribuições elencadas em ofício recebido, que também foi dirigido a outras empresas e órgãos”.
Fotos: Latin NCAP e Pixabay/Divulgação
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