Pedaladas decepcionantes

Apesar do grande investimento, bikers brasileiros tiveram uma participação abaixo do esperado nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, principalmente no mountain bike e no BMX;  a salvação da lavoura foi no ciclismo de estrada, com Flávia de Oliveira e na modalidade Omnium, com Gideon Monteiro.

Flávia de Oliveira decepcionou menos que os demais brasileros e terminou em sétimo lugar no ciclismo de estrada
Flávia de Oliveira decepcionou menos  e terminou em sétimo lugar no ciclismo de estrada

O  mountain bike fechou as disputas do ciclismo nas Olimpíadas Rio 2016, com ouro para sueca Jenny e para o suíço Nino. No sábado (20/8), houve uma bela disputa de uma hora e meia, com as três medalhistas duelando até o final no mesmo minuto. O ouro foi para a sueca Jenny Risveds, a prata ficou com a polonesa Maja Wloszczowska, e o bronze para a canadense Catharine Pendrel.
No domingo (21/8), a prova começou com chuva, pista molhada e muitas pedras escorregadias – perigo à frente, mas esperança de muita ousadia e sem previsão de vencedor. Mas logo a corrida ficou sem graça, pois o suíço Nino Schuter (pentacampeão do mundo) e o tcheco Jaroslav Kulhavy (ouro em Londres) abriram vantagem dos demais e correram lado a lado.

O suíço Nino Schuter, pentacampeão do mundo, manteve a escrita e foi ouro no mtb
O suíço Nino Schuter, pentacampeão do mundo, manteve a escrita e foi ouro no mountain bike

A briga parecia repetir Londres 2012, quando o polonês ganhou ouro no sprint final, mas desta vez o suíço – que só faltava o título olímpico na carreira – abriu no final da sexta volta, abriu mais ainda na última e venceu com 1h 33m28 – meteu um minuto de frente, vingando a disputa de Londres.
O sul-africano Nick Floros, idealizador da pista de mtb de Deodoro, no Rio, não colocou flores algumas na pista, e sim encheu de pedras – era rock garden para todo lado. Com isso, houve muitos pneus furados, tombos e muitos acidentes que machucaram os atletas. A própria campeão Jenny Risveds correu com seis pontos no joelho e quatro no cotovelo, devido a uma queda enquanto treinava.

Participação brasileira

O mountain bike e o BMX foram as grandes decepções a meu ver para os brasileiros na Rio 2016. No BMX, Priscilla Carnaval saiu na semifinal e Renato Rezende nas quartas de final – foi muito pouco para o investimento recebido.
Também no mtb foi feito um investimento gigante, cujos atletas disputaram esse ano todas as etapas da Copa do Mundo com os melhores bikers pelo planeta. Com toda esta participação, Henrique Avacini chegou ranqueado como 11º no mundo; e nesta prova olímpica no Rio, entre 50 atletas participantes, chegou apenas no 23º lugar e mais, com 12 minutos atrás do suíço campeão. Para mim, uma grande decepção.
Já o outro representante, Rubens Donizete, teve problema de enrosco e tombos na largada, o que prejudicou sua prova, chegando em 30º lugar.
Mas tivemos duas boas surpresas. No ciclismo de estrada, prova de resistência, Flávia de Oliveira terminou em 7º lugar, só 20 segundos atrás da holandesa Anna Breggen, medalha de ouro. Com o resultado, Flávia cravou seu nome na história e conquistou o melhor resultado do ciclismo de estrada do Brasil em Jogos Olímpicos.
Outro destaque foi no ciclismo de pista. O Brasil não tem equipe para disputar, então um único atleta, o cearense Gideon Monteiro, nos representou. Depois de uma maratona de competições internacionais em 2016, incluindo Copa do Mundo e Mundial, ele conseguiu se classificar para a Rio 2016.
Gideon terminou as disputas do Omnium em 13º lugar. Essa modalidade de ciclismo de pista é muito parecida com o heptatlo do atletismo – exige muita versatilidade e resistência dos ciclistas, que encaram seis provas divididas em dois dias de competição. Esse 13º lugar é a melhor colocação já conseguida até hoje, afinal havia 24 anos, desde Barcelona, que um brasileiro não pedalava numa pista.
Fotos: CBC/Divulgação

 

Texto: Cristiano Quintino
Texto: Cristiano Quintino

 

 

 

 

 

 

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