Moro sem segredos

Há quase 50 anos no mercado do automobilismo, a gaúcha Metalmoro tenta cada vez mais se rejuvenescer. Principal fabricante de karts e protótipos de corrida, a empresa desenvolve um novo projeto para exportação e, até o final do ano, lança no Brasil sistemas de freios exclusivos para as pistas. Nesta entrevista, o fundador Ademar Moro fala do início, do meio e, claro, do futuro da empresa.

Acelera Aí – Como nasceu a Metalmoro e qual foi seu objetivo?

Ademar Moro – Eu trabalhava na indústria pesada, mas minha paixão pelo automobilismo me fez abrir minha primeira empresa aos 17 anos. Naquela época, eu fazia rodas, na verdade, alargava rodas. Não existiam rodas de alumínio como hoje. Então eu construía as famosas rodas tala-larga. Com o tempo, tomei gosto pelo automobilismo e comecei a construir kart. E tivemos bastante sucesso. Nossos karts ganharam, de cara, diversos títulos na América do Sul, com pilotos como Juliano Moro, meu filho, Gastão Fáguas, Juninho Campos, Nelson Piquet, Bruno Senna e Nelsinho Piquet. Muitos pilotos fizeram sucesso com nosso kart. Depois começamos a fazer os protótipos. Foram carros esportes que nos levaram a ter clientes como a Fiat e a Renault, que utilizaram nossos produtos em seus campeonatos monomarca.

Acelera Aí – Hoje a gente percebe que a Metalmoro é muito mais do que uma equipe. A gente percebe que é uma indústria de automobilismo. Qual a estrutura atual?

Ademar Moro – Temos a divisão de fábrica separada da equipe de competição, que é gerenciada pelo meu filho, Juliano Mouro, que faz os testes, desenvolve carros e traz novas ideias. A Metalmoro Fábrica tem parque industrial numa área de 5 mil m², sendo 1.500 m² de área construída. Nós usamos equipamentos, soldas, torno, torno CNC, centro de usinagem e software de última geração. Tudo é desenhado, testado e monitorado antes de ser produzido. A fábrica é pequena, mas trabalha em regime de empresa grande. Procuramos ter um padrão de qualidade, para que tudo funcione bem no ambiente virtual, para então passar para a fabricação.

Acelera Aí – Quais os principais projetos desenvolvidos pela Metalmoro?

Ademar Moro – Foram diversos modelos de kart e bajas. Tem ainda o Super Clio, da Renault, que corre até hoje, além do Fiat Línea desenvolvido em parceria com a Fiat, em um projeto coordenado pelo piloto Felipe Massa. A convite do Carlos Col (dirigente da Vicar que organiza a Stock-Car Brasil), fizemos os carros que disputam o Campeonato Brasileiro de Marcas da Ford e Chevrolet, com a participação das empresas. Também desenvolvemos o esporte protótipo MRX que usa aro 13 mais light e os esporte protótipo com aro 18 e motores mais fortes. Estamos construindo agora um protótipo baseado nos carros de Le Mans, com aerodinâmica desenvolvida, estrutura de suspensão muito calculada, câmbio, semieixo, freio de carbono, eletrônica e motor turbo. Um projeto bastante avançado, que está para acontecer em breve.

Acelera Aí – Destes tantos projetos desenvolvidos, qual ou quais obtiveram o maior sucesso? Os que levaram a Metalmoro ao nível que se encontra hoje?

Ademar Moro – No início, foi o kart que desenvolvemos, onde fomos campões. Isso nos tirou daquela empresa pequena para uma média. Depois disso, lançamos o esporte protótipo, que hoje é o MRX, para provas de longa duração, que ganhou tudo e continua ganhando até hoje todas as corridas. Isso é algo que nos dá bastante satisfação, porque é um projeto de custo econômico, mas que envolve velocidade e tempos em pista muito bons em relação aos Stock Cars. Hoje, o MRX é um dos carros mais rápidos do País. Mais rápido do que ele só um Fórmula-1.

Acelera Aí – A Metalmoro atua hoje fora do Brasil?

Ademar Moro – Teve um momento em que começamos a exportar. Um foi para França, outro para os Estados Unidos. Tem um projeto inglês que eles montaram o carro lá, mas fomos nós quem mandamos todas as peças. Mas, depois, com o advento do dólar alto, as exportações foram murchando e não aconteceram mais. De um tempo para cá, a gente está retomando alguns negócios com os norte-americanos. Temos interesse que o nosso novo projeto, o AGR, seja vendido lá.

Acelera Aí – Poderia falar um pouco mais sobre o AGR, especificamente?

Ademar Moro – Este protótipo foi idealizado pelo meu filho (Juliano Mouro). Ele quem planejou fazer um carro de nível superior, com investimento bastante elevado. Ele adquiriu materiais, como rodas leves, câmbio superdimensionado, eletrônica, e o projeto aerodinâmico que foi feito em parceria com um inglês, que trabalha na F-1. O carro tem um efeito asa (down-force) muito elevado. O carro mostrou, nas primeiras voltas em pista, que terá um futuro brilhante, principalmente lá fora.

Acelera Aí – E quais são os projetos futuros da Metalmoro?

Ademar Moro – Não temos grandes projetos futuros, mas temos uma linha de freios que estamos fazendo para competição, porque aqui no Brasil não existe. Quem precisa tem que importar. Desenvolvemos um freio que está em teste há uns dois anos. Esperamos conseguir colocá-lo no mercado até o fim do ano. Ele foi desenvolvido para carros de corrida ou de turismo que queiram um freio especial, de alumínio.

Fotos e texto: Rodolfo Hauck, colaborador do Acelera Aí (*)

(*) Rodolfo Luiz Aquino Hauck tem 39 anos de experiência na indústria automobilística e sempre esteve envolvido com competições automobilísticas desde 1976, quando iniciou no Kart, fazendo provas de Turismo e rally. Por seis anos, foi responsável pelo desenvolvimento e preparação de carros de endurance e rally de uma montadora. Trabalha atualmente também com fotografia.

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