O Dia do Motorista, celebrado neste sábado, 25 de julho, não terá comemorações, eventos, blitz educativa, cursos, exposição – nada. Culpa da pandemia do covid-19. Mas não quer dizer que a gente se esqueça dessas pessoas (que quase sempre adoram automóvel) e que movem o País. Afinal estamos em um Brasil rodoviário.
Em algumas cidades, como Belo Horizonte, o motorista pode sim comemorar, mas precisa repensar as suas atitudes sob o comando da máquina.
“O motorista da capital mineira precisa agir como em cidades do interior, onde as pessoas se conhecem e se respeitam”, ensina o engenheiro especializado em transporte e trânsito, Osias Baptista.
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Segundo ele, é importante ficar atento, pois um ato individual normalmente gera um congestionamento no trânsito prejudicial para todo mundo. “Muita gente acha que cometer pequenas infrações não atrapalham ninguém, o que é um erro”, analisa.
Quando ele cita “pequenas infrações”, Baptista se refere à uma furadinha no sinal, estacionar em local proibido mesmo que por pouco tempo e até mesmo não respeitar o pedestre na faixa, porque está com pressa. “São atitudes que podem causar uma turbulência. Em meio a tudo isso ainda a gente vê motociclistas que comentem barbaridades no trânsito”, explica o especialista.
Quarto no ranking
As estatísticas negativas devem fazer o motorista, em seu dia – criado através de um decreto governamental em 1968 – pensar mil vezes antes de sua bobagens ao volante.
O Brasil é o quarto colocado no ranking de mortes no trânsito. Nos três primeiros meses de 2020, o número total de indenizações por morte, invalidez e despesas médicas pagas pelo DPVAT (Seguro Obrigatório) cresceu 19% na comparação com o mesmo período de 2019.
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O levantamento feito pela Seguradora Líder mostra que, entre janeiro e março de 2020, foram pagas 89.028 indenizações, sendo 59.726 por invalidez e 9.298 por morte de motoristas. Até junho este número chega a 93.309 em todo o País.
Veja os dados em todos os estados (janeiro a junho de 2020):
- SP – 12.357
- MG – 11.221
- SC – 6.369
- BA – 5.983
- CE – 5.805
- PR – 5.463
- GO – 5.303
- PE – 4.995
- RS – 4.367
- PA – 3.737
- RJ – 3.102
- PI – 3.085
- MA – 3.048
- RO – 2.717
- PB – 2.529
- ES – 2.107
- RN – 1.891
- MT – 1.811
- MS – 1.291
- TO – 1.179
- AM – 1.160
- SE – 1.122
- AL – 1.055
- DF – 714
- AC – 359
- RR – 345
- AP – 194
Profissionais
No caso dos motoristas profissionais, deve haver mais preocupação ainda. Para especialistas em medicina de tráfego, garantir a permanência de mecanismos de monitoramento da saúde do motorista profissional é hoje um dos maiores desafios para reduzir as mortes no trânsito brasileiro.
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Alguns Estudos médicos publicados pela Revista da Saúde Pública, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, mostram que, no Brasil, a maioria dos motoristas profissionais permanece acordada por mais de 18 horas por dia, reduzindo seu estado de alerta e, portanto, aumentando as chances de acidente.
O relatório afirma que para restringir e reduzir acidentes, mortes e lesões no trânsito, é fundamental uma legislação adequada, que vise à segurança do trabalhador e dos usuários das rodovias.
“A legislação deve, também, beneficiar o aspecto comercial, que se fortalece pela redução das perdas de produção e logística. Adicionalmente, são necessários programas de educação no trânsito e melhor fiscalização em relação ao tempo total de jornada de trabalho”, observa o coordenador da Mobilização dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito e diretor da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (AMMETRA), Alysson Coimbra de Souza Carvalho.
Sono ao volante
Segundo ele, é consenso na comunidade médica e científica que a ingestão de álcool ao dirigir, o consumo de medicamentos e drogas ilícitas, sonolência e privação de sono estão associados à alta incidência de acidentes.
Ainda de acordo com o relatório, um estudo realizado com 19 países europeus constatou que aproximadamente 17% dos acidentes foram causados por sono ao volante.
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No Brasil, as condições de trabalho estressantes fazem com que 32% dos caminhoneiros descansem ou durmam menos que quatro horas por dia.
“É indispensável um olhar mais atento para a saúde destes profissionais. Hoje sabemos que acidentes envolvendo veículos pesados têm uma alta letalidade e provocam uma média de seis mortes. Cuidar da saúde e melhorar as condições de trabalho dos caminhoneiros se traduz em maior segurança no trânsito para todos”, aponta Carvalho.
Texto: Luís Otávio Pires
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