Não é bem assim. As direções apontadas pelas fabricantes de automóveis no último Salão do Automóvel de Frankfurt, na Alemanha, deixaram alguns executivos brasileiros, especialmente da cadeia fornecedora, com uma pulga atrás da orelha. Aqueles que compareceram ao Seminário Brasil Elétrico, organizado pela AutoData Editora em São Paulo, respiraram aliviados: os europeus correm com os elétricos para atender às exigentes legislações de emissões estipuladas pela União Europeia, mas, aqui, os motores a combustão terão ainda uma longa estrada a percorrer.
Jabuticaba da cana
Uma das razões, senão a principal, é a abundância de etanol e seu uso massivo incentivado pelos motores flex fuel. Dados apresentados por Fabricio Biondo, vice-presidente da Anfavea, indicam que, se toda a frota brasileira flex enchesse seu tanque com etanol, a redução de CO2 chegaria a 60%.
Lado a lado
“Os automóveis elétricos estão chegando, mas a visão da Anfavea é que, no Brasil, conviverão com os motores a combustão”, disse Biondo, tranquilizando a audiência no Seminário.
Oportunidade
Sistemistas e fornecedores de autopeças avistam, inclusive, oportunidades: uma vez que a Europa passará a concentrar a produção automotiva na eletrificação, linhas destinadas a motores a combustão podem ser transferidas para o Brasil, tornando a indústria nacional base de exportação para mercados que ainda utilizarão motores térmicos.
Exemplos
Alguns mercados em que os executivos enxergam menos espaço para a eletrificação no curto a médio prazo: América Latina e África.
Soluções locais
Em paralelo à chegada dos elétricos puros a engenharia automotiva nacional corre atrás de novas jabuticabas, sempre tendo o etanol como alternativa. Além do híbrido-flex, já realidade no Toyota Corolla, há pesquisas avançadas da Nissan para a célula combustível de etanol.
Acordo assinado
Nesta semana o presidente da montadora, Marco Silva, assinou acordo com o Ipen, Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares, que faz parte da USP, Universidade de São Paulo, para cooperação no desenvolvimento da célula de combustível a etanol.
Depois do recall
Chega às concessionárias Chevrolet a nova geração do Onix, versão hatch, já com a atualização do software que provocou o recall na carroceria sedã, Onix Plus.
R$ 2,4 milhões
A General Motors convidou autoridades, clientes e imprensa para conhecer as mudanças em sua fábrica de Gravataí, RS, de onde saem os modelos. Ampliação de áreas e novos equipamentos.
Quase tudo
Segundo a companhia, 98,5% das 7,1 mil unidades com o problema no software já tiveram o sistema atualizado na rede concessionária.
O ano da virada
Desde 2015, quando foi líder de mercado pela última vez, a Fiat perde participação ano a ano. Perdia. Em 2019, recuperou 0,6 pontos de participação – e almeja, quem sabe, mais 0,1 nos últimos dois meses.
Se tivesse um SUV
Para Herlander Zola, diretor de operações da Fiat no Brasil, a retração na participação de mercado é resultado da ausência de um SUV no portfólio. Algo que está sendo solucionado, mas ainda não será realidade no primeiro semestre de 2020.
Texto: Leandro Alves
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